quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Emptiness..

Não é sempre. É quase sempre. São momentos. São dias. São horas nas quais eu apenas paro pra pensar e nada me vem em mente, dá um vazio, uma sensação ruim..um nada que parece significar mais do que tudo. É cada vez menos acreditar, cada vez menos querer sentir..
É estar cansada dos desejos, e deles não se realizarem. Tá, eu sei que isso é a vida, que nada é perfeito nem dura pra sempre. Mas eu me sinto errada a todo momento que sinto esse vazio, como se negasse minha realidade. 
Sei que a vida é muito mais do que ter uma paixão. Deve ser coisa do momento..espero que passe!
"Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar. Andar e olhar. Sem pensar, só olhar: caras, fachadas, vitrinas, automóveis, nuvens, anjos bandidos, fadas piradas, descargas de monóxido de carbono. Da praça Roosevelt, fui subindo pela Augusta, enquanto lembrava uns versos de Cecília Meireles, dos Cânticos: "Não digas 'Eu sofro'. Que é que dentro de ti és tu? / Que foi que te ensinaram/ que era sofrer ?" Mas não conseguia parar. Surdo a qualquer zen-budismo, o coração doía sintonizado com o espinho. Melodrama: nem amor, nem trabalho, nem família, quem sabe nem moradia - coração achando feio o não-ter. "
Trecho do texto de  Caio Fernando Abreu - Pálpebras de Neblina

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